segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Campanella, Giovanni Domenico

Giovanni Domenico Campanella, filósofo renascentista italiano, poeta e teólogo dominicano (Calábria, 5 de Setembro de 1568 - Paris, 21 de Maio de 1639). As idéias de Campanella, conhecido sobretudo por A cidade do sol, refletiram a tentativa, comum no fim do Renascimento, de conciliar os dogmas cristãos com as novas concepções científicas e religiosas.

Ainda jovem ingressou na Ordem dos Predicadores (ou Ordem dos Dominicanos), quando adotou o nome de Tommaso. No período do noviciado recebeu forte influência do filósofo Bernardino Telesio, que dava mais valor à experiência do que à fé. Antecipando-se ao pensamento de Descartes, sustentou que toda verdade deve basear-se na experiência individual e consciente. Em Nápoles, para onde seguiu em 1589, publicou Philosophia sensibus demonstrata (1591; Filosofia demonstrada pelos sentidos), cujo conteúdo antitomista levou-o a ser preso como herético. Libertado poucos meses depois, Campanella viajou para Pádua, onde conheceu Galileu Galilei e foi novamente encarcerado sob a acusação de sodomia. Julgado em Roma, onde teve Giordano Bruno como companheiro de prisão, viu-se obrigado a abjurar em 1596. No ano seguinte regressou para a Calábria. Indignado com a miséria do povo, chefiou uma rebelião contra o jugo espanhol mas foi traído e preso mais uma vez. Submetido a torturas, confessou sua participação na revolta e teve de se fingir de louco para escapar à pena de morte. Esteve na prisão de Nápoles durante 27 anos, período em que escreveu sua obra-prima A cidade do sol. Posto em liberdade no ano de 1626, foi novamente preso e levado diante do Santo Ofício em Roma, onde enfrentou julgamento por certas proposições em seu trabalho que eram consideradas suspeitas. Recuperando a liberdade, esteve algum tempo no mosteiro dominicano de Minerva, em Roma. Em 1634, temendo perseguições por suspeitas de que poderia estar envolvido em nova conspiração, seguiu o conselho do papa Urbano VII fugiu para a França, onde foi recebido por Luís XIII e pelo Cardeal Richelieu.

Campanella deixou uma obra vasta que abrange vários tópicos: gramática, retórica, filosofia, teologia, política, medicina, etc. Segundo Campanella, as ciências tratam das coisas como elas são, cabendo à filosofia (e especialmente à metafísica) explicar as coisas em seu sentido mais profundo.

Outras obras de Campanella foram De monarchia christianorum (1593; Sobre a monarquia dos cristãos) e Metaphysica (1638). Suas teorias mostram influência do materialismo de Demócrito, do animismo neoplatônico e do antidogmatismo de Giordano Bruno. Importante sobretudo como utopista, o filósofo idealizou uma sociedade naturalística e teocrática em que seriam abolidas tanto a propriedade privada quanto a família. Também poeta lírico dos mais originais de sua época com Inno al sole (Hino ao sol) e suas canzoni, Tommaso Campanella morreu em Paris em 21 de maio de 1639.

Por Lucas Rafael Chianello

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