segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Locke, John


John Locke nasceu na região sudoeste da Inglaterra, perto de Bristol, na pequena cidade de Wrington, em Somerset, a 29 de agosto de 1632, vindo a falecer em 1704. Foi criado em Pensford, nas proximidades de Bristol. Sua família era da linha puritana da religião anglicana. Viviam em um chalé coberto de colmo num conjunto de moradias de famílias do mesmo nível da sua. Seu pai deu-lhe educação severa e correta. O período da infância e adolescência de Locke corresponde à fase ascendente da nova filosofia que irá culminar no Ilusionismo. Interessa-se inicialmente pelas ciências e especialmente pela medicina antes de ver definir-se a sua vocação filosófica. Nos estudos, Locke foi indicado e aceito na famosa Westminster School, em Londres, tinha 15 anos em 1647. Lá, Locke estudou principalmente grego e latim. Em 1652 Locke estuda na Christ Church College, então o principal colégio em Oxford. Completou seus estudos de bacharelado em artes. Recebeu o grau de bacharel em 1656. Buscou complementar sua educação com a leitura de obras contemporâneas de filosofia e também se interessou pela nova ciência experimental e adquiriu formação médica.

Tanto o mundo da medicina como o da filosofia fascinaram a Locke. O que escreveu nos anos seguintes, (1656-66), indicam seus interesses, que eram as ciências naturais, por um lado, e a investigação social e política, por outro. Sua vida publica se resume na luta incessante pela liberdade civil, religiosa e política. O envolvimento inicial de Locke com a política começa em 1660. Nestes anos de 1660 e 1661 sua linha de pensamento era autoritária e dizia temer a anarquia. Alinhava-se com o pensamento de Hobbes, contra o qual mais tarde haveria de se voltar radicalmente. Tanto Hobbes quanto Locke partilham de uma mesma filosofia individualista, possessiva, o individualismo possessivo, no qual se define a sociedade e o individuo, a propriedade. A partir dessa filosofia, que é uma filosofia burguesa da sociedade, da economia, do Estado, um vai criar conclusões mais autoritárias e o outro mais liberais, mas ambos como parte dessa filosofia social comum.

Tal rejeição ao pensamento de Hobbes se deu principalmente pela experiência diplomática vivida por Locke em Brandenburgo. Acreditava que o estado de natureza não é o estado de guerra como queria Hobbes. O homem tem direitos naturais anteriores a sociedade, os quais têm de ser por esta respeitado e protegido, tais como: liberdade pessoal, propriedade, legítima defesa.

Nas próximas décadas Locke continuou com seus estudos particulares, e parte dos eventos sociais de que participava, discutia com amigos questões filosóficas e científicas. Foi o período em que Locke avançou seus estudos médicos e científicos. Tomou partido em favor da tolerância religiosa, sustentando que o estudo científico da natureza era um dever religioso.

Conduziu seus experimentos em Oxford e a partir de 1668 vivia em Londres. Locke escreveu então "Ensaios sobre a Lei da Natureza" em 1663-64, mas não chegou a publicá-la. No ano de 1666 Locke desejava permanecer em Oxford e obter o grau de Doutor em Medicina sem ter que freqüentar todas as classes, o que foi possível com a ajuda de Lord Ashley. Na primavera seguinte, em 1667 Lord Ashley o convidou para fazer parte da equipe de empregados de sua casa, servindo como médico da família. Locke aceitou e viajou para Londres. Entre ambos havia amizade e um entendimento perfeito. Com Ashley, Locke presenciou os momentos mais ativos de sua vida.

Considerado o pai do empirismo (doutrina filosófica segundo a qual todo conhecimento - com exceção do lógico e matemático - deriva da experiência, e não há verdade autônoma), o conhecimento do mundo exterior depende dos sentidos, porém o homem pode, através da razão, derivar muita informação além da evidência ganha empiricamente; combate à teoria cartesiana das idéias inatas provando que estas não existem. Se há verdades inatas ninguém percebe, comenta.

Em 1668, em Londres, Locke é atraído por uma forma de cristianismo que considerava a teologia como racional, que acabou acendendo seu interesse pela religião e as escrituras. Interessou-se também por Economia, preparando o trabalho "Algumas considerações sobre a redução dos juros e o aumento do valor da moeda" que foi levado a ser publicado em 1691 devido às dificuldades financeiras do novo governo. Porém retornou ao interesse médico quando Ashley adoeceu subitamente, diagnosticando a doença, solucionando o problema.

Locke assessorou Lord Ashley em vários assuntos políticos importantes e conviveu com os mais altos círculos intelectuais e políticos da época, por ser seu conselheiro pessoal. Nesta época começa também a redigir o que seria "O Ensaio sobre o Entendimento Humano", obra que tem por finalidade refletir e estudar a origem, limite e o alcance do conhecimento humano.

Em 1667, Locke havia tirado férias na França, pois estava sofrendo muito com o inverno rigoroso de Londres. De lá foi chamado de volta à Inglaterra por Ashley, para ser seu secretário de benefícios e no ano seguinte tornou-se secretário do Conselho do Comércio e Agricultura. Passados dois anos na secretaria do Conselho do Comércio, Locke com a saúde abalada por conta da asma, parte de Londres e volta para Oxford, decidido a obter o bacharelado em Medicina, finalizado em 1674. Depois, decide deixar a Inglaterra e passar uma temporada na França, onde escreveu um diário desse período contendo muitos dos pensamentos que mais tarde se transformariam em postulados no seu "Ensaio sobre o Entendimento Humano” e também no mesmo período recebeu influências importantes em sua visão Metafísica (A natureza do ser) e de sua epistemologia.

No ano de 1682 conflitos entre realistas e parlamentaristas sitiavam Londres. Ashley, junto aos “rebeldes”, pensou organizar uma revolta, mas seus planos foram descobertos e ele e seus amigos passaram a ser severamente vigiados, inclusive Locke. Com isso, em 1683, Locke decidiu refugiar-se na Holanda para escapar de ser preso e deportado, mudando até de nome, fazendo-se chamar Dr. van der Linden. No exílio sua saúde melhorou e fez muitos amigos entre os intelectuais holandeses. Nesses tempos, dedicou-se a medicina e teve tranqüilidade para colocar em ordem seus pensamentos sobre as questões filosóficas e escrever mais alguns capítulos de “Ensaio sobre o Entendimento Humano”. Permanecendo lá até 1688. A "Revolução sem sangue e gloriosa" havia cumprido os ideais de Ashley e Locke. A pós-revolução tornou maior a liberdade do indivíduo nas cortes de justiça, a tolerância religiosa e a liberdade de pensamento e expressão. Com isso, em 1689, Locke encorajou-se e retornou para a Inglaterra. O novo governo reconheceu seus esforços pela causa da liberdade e lhe foi oferecido o posto de embaixador britânico em Berlim ou Viena, aos quais recusou alegando seus problemas de saúde. Mas aceitou um cargo menos importante de membro da Comissão de Apelação. Quando regressou, Locke estava com cinqüenta e sete anos e com problemas de saúde motivados pela poluição atmosférica de Londres. Deixava a cidade tantas vezes quanto possível em visita a amigos no interior, o que possibilitou uma melhora na saúde, podendo continuar sua influência política como líder intelectual dos parlamentaristas Whigs.

Seu livro "Ensaio sobre o Entendimento Humano", aparece em março de 1690, o qual trabalhava desde 1671. No campo da economia as dificuldades financeiras do novo governo levaram-no a publicar em 1691 "Algumas considerações sobre a redução dos juros e o aumento do valor da moeda”. Criou novos ideais no campo da educação, desenvolvendo "Alguns pensamentos relativos à Educação", revelado em 1693. Sobre religião, em 1695, publicou um tratado religioso com um elevado apelo por um cristianismo menos dogmático, intitulado The Reasonableness of Christianity em que dá as escrituras um entendimento no sentido pleno e direto de palavras e frases. Publicou essa obra anonimamente.

Sua última aparição na vida pública foi como Comissário para Comércio e Agricultura, em 1696. Afastando-se quatro anos mais tarde, principalmente por sua saúde decadente. Em seus últimos anos, Locke pouco deixou Oates e ocupou-se principalmente em responder a críticas ou revisar edições de seus trabalhos. Ao fim de sua vida, mal podia levantar-se do leito. Faleceu a 28 de outubro de 1704, aos 72 anos e foi enterrado na igreja paroquial de High Laver.

Por Luciane Martins Scaramel

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