terça-feira, 3 de novembro de 2009

Santos, Milton


Quando muitas pessoas de nossa sociedade alienada e ignorante se refere ao povo do Nordeste eles dizem que o nordestino em especial o baiano é vagabundo, gosta de carnaval e alimentam-se de farofa e rapadura, um tremendo preconceito contra o povo do nordeste e da Bahia.

Quando me refiro em algumas conversas sobre o grande professor e geógrafo Milton Santos, muitos confundem e pensam que estou falando de Nilton Santos grande lateral-esquerdo do Brasil na Copa de 1958.

Milton Santos nasceu em Brotas de Macaúbas na Bahia em 1926, comendo rapadura com farofa e passou por todas as necessidades que muitos cidadãos brasileiros passam e mais, além de baiano Milton Santos era negro de família humilde.O professor é considerado o maior geógrafo brasileiro de voz calma e olhar tranqüilo sublinhou o aspecto humano da geografia e criticou a globalização perversa, globalização esta que aliena muitos a pensar que todo baiano é ignorante e vagabundo.

Milton introduziu importantes discussões na geografia, como a retomada de autores clássicos, e foi um dos expoentes do movimento de renovação crítica da disciplina, além de grande colaborador nos conteúdos do ensino de Geografia com a nova LDB (Leis de Diretrizes e Bases) de 1996 e Parâmetros Curriculares Nacionais na área de Geografia. Preocupado com a questão metodológica, construiu conceitos, aprofundou o debate epistemológico e buscou na transdisciplinaridade uma visão totalizadora da sociedade.

Esquerdista convicto, não se filiou a partidos: "não sou militante de coisa alguma, apenas de idéias", diz em uma de suas frases mais divulgadas. Sua produção acadêmica não permite modéstia: são cerca de 40 livros e 300 artigos científicos. Foi o único estudioso fora do mundo anglo-saxão a receber o mais alto prêmio internacional em geografia, o Prêmio Vautrin Lud (1994). Considerada equivalente ao Nobel na Geografia, o prêmio marcou o reconhecimento de suas idéias no Brasil. Milton viveu no exílio na França durante a ditadura militar brasileira. Foi consultor da Organização das Nações Unidas, da Unesco, da Organização Internacional do Trabalho e da Organização dos Estados Americanos. Também foi consultor em várias áreas junto aos governos da Argélia, Guiné-Bissau e Venezuela. Possuía vários títulos de doutor honoris causa, recebidos no Brasil, França, Argentina e Itália, entre outros. Foi membro do comitê de redação de revistas especializadas em geografia no Brasil e exterior. Fez pesquisas e conferências em mais de 20 países, dentre eles Japão, México, Índia, Tunísia, Benin, Gana, Espanha e Cuba.

Recebeu em 1997 o prêmio Jabuti pelo melhor livro em ciências humanas: A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. Em 1999 recebeu o Prêmio Chico Mendes por sua resistência. Foi condecorado Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico em 1995. Hoje, o geógrafo tantas vezes laureado empresta seu nome ao Prêmio Milton Santos de Saúde e Ambiente, criado pela Fundação Oswaldo Cruz.

O professor baiano e negro muitas vezes confundido com um lateral-esquerdo de seleção brasileira e vítima daquela velha ignorância brasileira, que o povo do Nordeste não produz nada além de carnaval faleceu em São Paulo em junho de 2001 um intelectual de grande importância para ciências humanas brasileira.

Milton Santos foi um homem essencialmente de idéias. E as idéias não morrem, elas continuam ressoando na mente daqueles que buscam o conhecimento do Mundo Novo. Sendo assim, ele estará sempre vivo no seu mais sublime significado. Ele sempre viverá entre nós!

Prof. João Alexandre Moura Oliveira

Um comentário:

  1. Os livros de história, todos editados no Sudeste, colocam a Bahia com importância secundária na história do Brasil. Fazem acreditar, por exemplo, que a Independência ocorreu pacificamente em Sete de Setembro. Os baianos bem sabem quantas vidas e sangue custou.

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