domingo, 11 de setembro de 2011

Golpe Chileno

11 de setembro é uma data de luto para os yankes, mas nessa data em 1973 os EUA foram algozes no Chile. Entendamos essa história.
Em 1970, Salvador Allende foi eleito presidente no Chile, apoiado pela Unidade Popular, uma coligação política dos comunistas e partidos de esquerda.
De acordo com seus ideais esquerdistas, em plena Guerra Fria, Allende fez reformas sociais, iniciando a tão importante reforma agrária, que corta pela raiz o problema da concentração fundiária que culmina na desigualdade social, além de estatizar bancos e investir mais em educação. Baseado na experiência cubana, Allende entendia que para seu país desenvolver precisava de investimentos na educação antes de qualquer outra ação.
Chile estava transitando democraticamente para o socialismo, algo inédito numa época de ditaduras tanto socialistas (URSS, Cuba, etc) quanto capitalistas (EUA, Brasil, Argentina, etc). Porém, a elite chilena (empresários) não queria Chile socialista, afinal de contas, o que seria das classes sociais que vivem do lucro e da especulação financeira.
Apoiados pelos EUA, os empresários começaram a boicotar a economia através de uma estratégia fulminante. Donos de supermercados tiravam os produtos das prateleiras e empresas de transporte de cargas paralisaram-se por seis meses, gerando colapso no abastecimento das cidades. Faltava de combustíveis a alimentos no país. Queriam mostrar que quem comanda um país é o mercado e não o Estado e ainda colocar a população contra o governo.
Os EUA arriscaram desestabilizar a economia naquele momento do que perder investimentos futuros por causa de uma economia planificada, ou seja, uma ação contra o socialismo asseguraria a pelo menos a existência da economia de mercado no Chile. Essa ação dos EUA oficialmente foi camuflada por causa dos Acordos de Yalta, contudo, internamente era legitimada pela Doutrina Truman.
A classe média e empresária protestava contra Allende, enquanto trabalhadores apoiavam o governo popular. Muitas fábricas foram tomadas pelos trabalhadores, numa experiência de produção coletiva ímpar na América Latina.

Como protestos, manifestações e até o boicote econômico não derrubava Allende, um golpe era a solução. O mesmo aconteceu em vários países da América Latina, inclusive no Brasil.
O interessante é que, a população e vários ministros de Allende queriam que o Estado distribuísse armas para o povo defender o governo, mas Allende recusou tal ação desacreditando numa guerra civil e crendo na legitimidade da democracia.
No dia 11 de setembro de 1973, o militar Augusto Pinochet comandou um golpe de Estado com apoio dos EUA. O Palacio de La Moneda foi bombardeado pela Força Aérea do Chile. Salvador Allende suicidou com um fuzil AK-47, presente de Fidel Castro.
Estava encerrado o período de democracia política e social no Chile. Esse golpe marcou a vida da população tanto quanto o golpe de 1964 marcou o Brasil.
Pinochet instalou um regime ditatorial, prendendo socialistas e perseguindo opositores. As empresas estatizadas voltaram para os antigos donos. Os EUA voltaram a ter investimentos no Chile. A política do ditador beneficiava somente grupos ligados a si, uma espécie de oligarquia.
O interessante é que Pinochet foi nomeado comandante do exército pelo próprio Salvador Allende em 1973, ano do golpe.
O ditador ficou 17 anos no poder. Diante de acusações de abusos aos direitos humanos, assume antes de morrer a responsabilidade por tudo que aconteceu em seu governo. Declara ter agido por patriotismo. Pinochet faleceu em 2006 e foi velado na Escola Militar, sem honras de Estado.

Prof. Yuri Almeida

3 comentários:

  1. Nossa, que interessante não sabia disso... Estados undidos é foda

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  2. Grande amigo e companheiro Yuri
    Olhando a história talvez o 11 de Setembro de 1973 seja mais importante que o de 2001. Após o golpe o Chile tornou-se "laboratório" das experiências neoliberais dos "Chicago boys". O neoliberalismo, como sabemos, destroçou os Estados e monopolizou o poder de decisão nas mãos das grandes corporações interancionais, sobretudo as financeiras.

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  3. O que o Chile sofre em sua economia atualmente é reflexo do golpe de Pinochet

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