segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Marx, Karl


Karl Heinrich Marx nasceu em Trier, na Renânia, então província da Prússia, em 5 de maio de 1818.

Foi o segundo de oito filhos do advogado Hirschel Marx e de sua esposa, a holandesa Henriette Pressburg. Seu avô paterno era um rabino judeu, porém, Hirschel, por temer as conseqüências das leis anti-semitas promulgadas pelo rei da Prússia, converteu-se ao protestantismo quando Karl ainda era criança. A mãe de Marx também descendia de rabinos judeus, mas em momento algum de sua vida interessou-se em exercer influência doutrinária sobre o filho. Os pais de Karl constituíam um casal harmonioso, o que parece ter contribuído de forma substancial para a formação de sua personalidade. Como indicam várias avaliações de seus professores, Marx foi excelente aluno. Completou o segundo grau aprovado com êxito no exame de maturidade. De sua dissertação final pode se tirar duas frases significativas que já demonstram seu excepcional intelecto:

"NEM SEMPRE PODEMOS ABRAÇAR A PROFISSÃO PARA A QUAL ACREDITAMOS ESTAR PREPARADOS; NOSSA POSIÇÃO NA SOCIEDADE ESTÁ EM CERTA MEDIDA DEFINIDA ANTES QUE TENHAMOS CONDIÇÕES DE DETERMINÁ-LA".

"A NATUREZA DO HOMEM É DE TAL MANEIRA QUE ELE NÃO PODE ATINGIR A PRÓPRIA PERFEIÇÃO SENÃO AGINDO PARA O BEM E A PERFEIÇÃO DA HUMANIDADE".

Desse modo começou a manifestar um agudo sentido de justiça e uma ampla visão acerca da humanidade. Em 1835 e 1836 faz cursos de direito, mitologia clássica e história da arte na Universidade de Bonn onde participou da luta política estudantil.

Na universidade de Berlim, para a qual se transferiu em 1836, começou a estudar a filosofia de Hegel e juntou-se ao grupo dos jovens hegelianos. Tornou-se membro de uma sociedade formada em torno do professor de teologia Bruno Bauer, que considerava os Evangelhos, narrativas fantásticas suscitadas por necessidades psicológicas.

Com uma posição política que identificava cada vez mais com a esquerda republicana, Marx em 1841 apresentou sua tese de doutorado, em que analisava, na perspectiva hegeliana, as diferenças entre os sistemas filosóficos de Demócrito e de Epícuro. Nesse ano concebeu a idéia de um sistema que combinasse o materialismo de Feuerbach com a dialética de Hegel. Passou a colaborar no jornal Rheinische Zeitung de Colônia, cuja direção assumiu em 1842. No ano seguinte, Marx casou-se com Jenny von Westphalen e, logo após, sua publicação foi fechada.

O casal mudou-se para Paris,onde Marx entrou em contato com os socialistas. Em 1845, expulso da França pelo governo, estabeleceu-se em Bruxelas e iniciou a duradoura amizade e colaboração com Friedrich Engels. Die heilige familie (1845; A sagrada família) e Die Deutsche Ideologie (1845-1846, publicada em 1932; A ideologia alemã) foram as primeiras obras que escreveram a quatro mãos. Nessa época, Marx trabalhou em diversos tratados filosóficos contra as idéias de Bruno Bauer e do socialista utópico Pierre-Joseph Proudhon, e em 1848 redigiu, com Engels, o Manifest der Kommunistischen Partei (O Manifesto do Partido Comunista), resumo do materialismo histórico, em que aparecia pela primeira vez o famoso apelo à revolução com as palavras “Proletários de todo mundo, uni-vos!”.

Depois de participar do movimento revolucionário de1848 na Alemanha, Marx regressou definitivamente a Londres, onde durante o resto da vida contou com a generosa ajuda econômica de Engels para manter a família. Em 1852 escreveu Der 18 Brumaire des Louis Bonaparte (O 18 Brumário de Luis Bonaparte), em que analisava o golpe de Estado de Napoleão III do ponto de vista do materialismo histórico. Cinco anos depois, publicou Zur Kritik der politischen Ökonomie (Contribuição à crítica da economia política), seu primeiro tratado de teoria econômica, e em 1867 o primeiro volume de Das Kapital (O Capital), monumental análise do sistema socioeconômico capitalista, sua obra mais importante.

Marx voltou à atividade política em 1864, quando participou da fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores. Como lider e principal inspirador dessa Primeira Internacional, sua presença se reafirmou em 1871, por ocasião da segunda comuna de Paris, movimento revolucionário de que a associação participou ativamente e em que pereceram mais de vinte mil revoltosos. As divergências do Anarquista Mikhail Bakunin, a partir de 1872, provocaram a derrocada da internacional. Marx ainda participou em 1875 da fundação do Partido Social-Democrata Alemão e em seguida retirou-se da atividade política para concluir Das Kapital.

Os dez últimos anos da vida de Marx foram marcados pela deterioração de seu estado de saúde. Sofria distúrbios hepáticos há mais de 20 anos e era vítima de violentas e insistentes dores de cabeça que o levavam à insônia. Contrariando ordens médicas continuava trabalhando até tarde da noite, devorando uma quantidade de livros ainda maior que antes. Já em 1881 é um doente condenado pela medicina da época. Não consegue se dedicar muito na redação dos livros II e III d'O capital.

Passa a apenas ler, tomar gigantescas notas para Engels e a se encontrar em casa com militantes revolucionários comunistas de todo o mundo. O golpe definitivo vem com a morte de Jenny no fim do mesmo ano e com a de sua filha mais querida, que levava o nome da mãe, em 1883. Dois meses depois desse acontecimento, a 14 de março, Karl Marx falecia na mesa de seu escritório tuberculoso e morando num casebre. Foi sepultado no cemitério de Highgate, em Londres, no setor reservado às pessoas banidas e rejeitadas pela igreja anglicana. À beira da sepultura, Engels proferiu emocionada oração fúnebre:

"MARX ERA, ANTES DE TUDO, UM REVOLUCIONÁRIO. SUA VERDADEIRA MISSÃO NA VIDA ERA CONTRIBUIR, DE UM MODO OU DE OUTRO, PARA A DERRUBADA DA SOCIEDADE CAPITALISTA E DAS INSTITUIÇÕES ESTATAIS POR ESTAS SUSCITADAS, CONTRIBUIR PARA A LIBERTAÇÃO DO PROLETARIADO MODERNO, QUE ELE FOI O PRIMEIRO A TORNAR CONSCIENTE DE SUA POSIÇÃO E DE SUAS NECESSIDADES, CONSCIENTE DAS CONDIÇÕES DE SUA EMANCIPAÇÃO. A LUTA ERA SEU ELEMENTO. E ELE LUTOU COM UMA TENACIDADE E UM SUCESSO COM QUEM POUCOS PUDERAM RIVALIZAR.

MARX FOI O HOMEM MAIS ODIADO E MAIS CALUNIADO DE SEU TEMPO. GOVERNOS, TANTO ABSOLUTOS COMO REPUBLICANOS, DEPORTARAM-NO DE SEUS TERRITÓRIOS. BURGUESES, QUER CONSERVADORES OU ULTRADEMOCRÁTICOS, PORFIAVAM ENTRE SI AO LANÇAR DIFAMAÇÕES CONTRA ELE. TUDO ISSO ELE PUNHA DE LADO, COMO SE FOSSEM TEIAS DE ARANHA, NÃO TOMANDO CONHECIMENTO, SÓ RESPONDENDO QUANDO NECESSIDADE EXTREMA O COMPELIA A TAL. E MORREU AMADO, REVERENCIADO E PRANTEADO POR MILHÕES DE COLEGAS TRABALHADORES REVOLUCIONÁRIOS - DAS MINAS DA SIBÉRIA ATÉ A CALIFÓRNIA, DE TODAS AS PARTES DA EUROPA E DA AMÉRICA - E ATREVO-ME A DIZER QUE, EMBORA, MUITO EMBORA, POSSA TER TIDO MUITOS ADVERSÁRIOS, NÃO TEVE NENHUM INIMIGO PESSOAL"

Marx morreu, porém seu legado é imortal. Até hoje inspirou grandes revoluções que tornaram o proletariado uma classe mais digna. Ainda é subjugada pelo capitalismo, vive nas sombras, porém não podemos negar os avanços obtidos durante anos de luta contra uma burguesia exploradora. Cooperativas, e mais tarde sindicatos, foram criados para defenderem os direitos dos operários. Manifestações e revoltas reivindicaram respeito para com essa classe. E tudo começou com Marx. Ainda é escassa de cultura e dignidade a vida dos trabalhadores, mas são mais dos que tínhamos há duzentos anos. E tomando como exemplo lutadores do povo como Karl Marx, um dos mais célebres pensadores já produzidos pela humanidade, é que conseguiremos edificar uma sociedade mais justa.

Prof. João Vinícius Carvalho Guimarães

Um comentário:

  1. Marx sempre terá seu papel na interpretação do sócio-econômico da humanidade. Fez uma excelente contribuição para nós atualmente estudantes e curiosos da História.

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