quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Vikings

A era Viking tem início no final do séc. VIII, com as primeiras invasões, e termina no final do séc. XI com a cristianização. Habitantes da Península Escandinava, de origem indo-européia de ramificação nórdica, sendo ancestrais dos noruegueses, suecos e dinamarqueses.
Desde a Idade da Pedra, as primeiras tribos já se haviam estabelecido na Noruega e na Suécia. Até o fim do séc. VIII faziam incursões ao Báltico; mas somente na época de Carlos Magno começaram a atravessar o oceano e a atacar os cristãos no ocidente.

Bravos navegadores e guerreiros, hábeis artesãos e ousados comerciantes. Dedicavam-se à caça da baleia, ao comércio de peles e sobretudo, à pirataria. O termo viking tem sua origem na palavra em sueco antigo vik (baía ou enseada), e significa “expedição guerreira feita pelo mar”.

Comunicavam-se em um dialeto germânico, o velho nórdico, e usavam o alfabeto rúnico, geralmente gravado em pedras. Ao contrário do que se pensa, os vikings não eram bárbaros rudes e iletrados. Antes mesmo da chegada dos missionários cristãos, já tinham aprendido a escrever e compor grandes poemas épicos, estes transmitidos pelos skalds (trovadores/menestréis escandinavos). Estes poemas fornecem informações importantes sobre costumes, crenças e normas éticas dos antigos escandinavos.
Armaria: portavam armaduras, cotas de malha, elmos (mas sem os chifres com que são fantasiosamente caracterizados) e escudos, geralmente redondos ou retangulares, para proteger boa parte do corpo. Já para o ataque dispunham de lanças, espadas e machados.

Eram os melhores construtores de embarcações de toda Europa da época. Seus navios, os drakkars, eram de madeira, (com escudos pendurados nas amuradas e ornados na proa com carrancas de dragões ou serpentes) leves, velozes e fáceis de manobrar. Sendo utilizados para o transporte, para o comércio e para guerra.

Realizavam invasões, incêndios e pilhagens. Algumas vezes aceitavam abrir mão das pilhagens em troca do pagamento de um tributo. Sendo as causas dessas invasões o aumento de sua população (devido à melhora do clima e redução da mortalidade, além da poligamia) e a escassez de alimentos, que forçou a busca de mais terras e novas fontes de renda, além disso, vários delitos eram punidos com o exílio.

Os vikings suecos, chamados de varegues ou varegos, eram grandes comerciantes e perigosos guerreiros que atacaram a área ao longo dos rios da Alemanha, estabeleceram-se nas costas do mar Báltico e no golfo da Finlândia. Conquistaram a região hoje correspondente ao oeste da Rússia, construindo fortes que logo se transformaram em aldeias e centros de comércio. A partir daí partiram em direção ao sul do mar Negro, entrando no Bósforo. Atacaram Constantinopla no início do séc. X, chegando até Bagdá e Samarcanda. Eram poucos para manter sua identidade cultural na vastidão da faixa territorial conquistada. Por volta do ano 1000 d.C. tinham-se mesclado completamente com os povos eslavos.

Os vikings dinamarqueses atacaram a Inglaterra (esses ataques tiveram início no final do séc. VIII e continuaram por mais de 300 anos), França (Normandia e Provença, onde entraram em combate contra os francos), Espanha, Portugal e outras regiões da costa do mar Mediterrâneo, como as ilhas Baleares e a Itália, além de derrotarem os mouros em Marrocos. Viajaram pela maior parte da Europa Ocidental. Em todos os lugares que invadiam exigiam o pagamento de pesados tributos, o chamado danegeld.

Os vikings noruegueses viajaram para as ilhas Shetland, ilhas Faroé, ilhas Hébridas, ilhas Órcades, Irlanda (onde fundaram Dublin no ano de 840 d.C.), Escócia, Islândia, Groenlândia (conquistada por Eric, o Vermelho em 982 d.C.) e Vinlândia (entre a Península do Labrador, no Canadá, e a Terra Nova, nos EUA; conquistada por Leif Ericson por volta do ano 1000 d.C.).

A economia local baseava-se na agricultura, no comércio local e internacional e no artesanato. Os materiais usados na confecção de roupas eram a lã, o linho, as peles de animais e, em alguns casos raros, a seda. Destaque para a criação de jóias feitas de bronze.
A sociedade escandinava era dividida em três grupos: aristocracia (realeza e nobreza), “pré-burguesia” (proprietários de terras e comerciantes) e servos (camponeses, artesãos e escravos).

Cabiam as mulheres a responsabilidade da casa e da educação das crianças. Em razão da ausência dos homens durante longos períodos, elas eram frequentemente responsáveis pela comunidade.
As principais bebidas alcoólicas eram a cerveja, o vinho, o hidromel (feito de mel e água) e o bior (vinho de frutas).

Os vikings eram politeístas, sendo seus deuses ligados à natureza e relacionados à guerra, à agricultura e à fertilidade. Nas crenças vikings não existiam dogmas, os ritos eram praticados na natureza, geralmente nos equinócios e solstícios, sem a necessidade de erigir templos. Destaca-se o culto aos ancestrais e a magia. A mitologia viking desapareceu, como a maior parte das crenças pagãs do norte da Europa, a partir do ano 1000 d.C., com a cristianização.

Na história, os vikings permaneceram como uma experiência negativa que macula a memória da Europa, talvez por serem o último povo pagão invasor da Europa, deixando a impressão de serem tribos primitivas: ávidos, glutões, leais a seus chefes e irmãos, mas prontos à rebelião e ao fratricídio.

Fontes

ENCICLOPÉDIA DELTA UNIVERSAL. Volume 14. Págs. 7975 a 7977. Editora Delta S.A. Rio de Janeiro: 1980.

ENCICLOPÉDIA BARSA. Volume 14. Págs. 84-B e 85. Encyclopaedia Britannica Editôres Ltda. Rio de janeiro, São Paulo: 1971.

REVISTA HISTÓRIA VIVA. Págs. 28 a 49. Editora Duetto. Fevereiro de 2005.

Por Nilton Cezar Ribeiro

3 comentários:

  1. Nilton, que tipo de prova foi encontrada de que os vikings chegaram a América?

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  2. Sítios arqueológicos espalhados pela Península da Labrador, no Canadá, e pela Terra Nova, nos EUA, contendo vestígios de construções, armas, utensílios domésticos, etc.

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  3. Muito bom esse texto, resumido e bem escrito.

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