domingo, 1 de novembro de 2009

Joaquim Nabuco e a Abolição

A abolição foi a maior luta de Nabuco em toda sua vida e também uma grande preocupação do século XIX. Joaquim Nabuco defendia a supressão da escravidão em sua totalidade.

Sua defesa aos escravos tem origem em sua infância, quando morou no engenho de Massangana junto a sua madrinha, que era muito bondosa para com os escravos.

Em Pernambuco, muitos estranhavam que o filho de um político influente, criado num engenho, tentava mudar uma concepção política ligada a aristocracia escravagista.

No país, algumas leis surgiram dando algumas pequeninas vantagens para os escravos, como a lei que dava liberdade aos nascitouros. Porém, Nabuco criticava veemente todas elas, defendendo a total liberdade aos escravos. Chegou a apresentar um projeto na Câmara que tinha por fim a extinção do elemento servil, mas ainda não obtivera sucesso.

Em O Abolucionismo defendera a liberdade de todos e não poupou críticas aos grandes, sejam políticos ou cientistas.

O Senado chegou a aprovar um aumento no fundo de emancipação e elegibilidade dos libertos, mas não era só isso que Nabuco desejava.

Como estava difícil a luta no Brasil, Nabuco contactou com sociedades abolucionistas no exterior: Espanha, Portugal, França e Inglaterra. Tais contatos lhe abriram portas às críticas por parte da imprensa brasileira.

Nem mesmo o Partido Liberal de Pernambuco tinha a causa abolicionista com tanta paixão. Quando seu mandato na Câmara expirou, não conseguiu se reeleger pelo Partido Liberal, devido seus ideais. Porém fora da política continuou a denunciar a escravidão.

No O Abolucionismo a raça negra fora honrada por Nabuco, que traça a importância desta para a formação do Brasil, tanto em nível social como econômico.

Fora da política, Nabuco apoiava Dantas, presidente do Conselho e que lutava pela abolição.

A libertação negreira começou a ganhar força, sendo que o Amazonas e Ceará e algumas cidades brasileiras já eram realidade a abolição.

Tendo novamente liberdade e condições, Nabuco retornou a política e continuo a defender a libertação dos escravos.

Nabuco usou de muitos argumentos contra a escravidão. Dizia que o uso de escravos arruinava a economia, impossibilitava o progresso, corrompia o caráter, desmoralizava elementos constitutivos, rabaixva a política, impedia a imigração, desonrava o trabalho manual, retardava a aparição de indústrias, desviava capital, afastava as máquinas, excitava o ódio entre as classes sociais e outros...

Nabuco e Administração Pública
Nabuco se preocupou também com o caráter altamente tributário de nossa política econômica. Para ele, a escravidão produziu um orçamento que se apóia sobre: uma apólice que nunca se amortiza, uma dívida externa que se agrava com o câmbio, uma moeda que se deprecia, e um alto déficit.

Denunciou o papel dos bancos que era sugar o lucro das lavouras para manter o orçamento exagerado do funcionalismo público. Este último, Nabuco lhe analisou, demonstrando sua origem no escravismo e suas ligações com o Estado Imperial. A escravidão fez muitas classes aumentarem, mais especialmente o funcionalismo público.

O funcionalismo era o caminho de descendentes de famílias ricas e fidalgas, que conseguiram suas fortunas mediante a escravidão.

Nabuco deu ainda importância ao funcionalismo público no processo de burocratização do Império.

Denunciou o parlamentarismo como sendo fraudulento e aconselhou D. Pedro II a desfazê-lo.

Nabuco e a Questão Agrária
Devido aos muitos que não tinham terras para cultivar, Nabuco propôs não somente a abolição, mas também uma lei agrária que a acompanhasse. Ele pensava na pequena propriedade que ajudaria no combate a miséria. Essa propriedade seria adquirida mediante um imposto territorial.

Nabuco queria a abolição dos escravos e a democratização do solo, não fiando as terras brasileiras presas nas mãos de apenas uma rica aristocracia.

Em vez de abolição mediante indenização, pregava que a abolição deve ser feita dando liberdade de trabalho no campo aos pobres, para gerar riqueza ao país e não mais dívidas.

Ele era um liberal que demonstrava preocupações sociais.

Nabuco e o Federalismo
Antes da Abolição, Nabuco já tinha idéias federalistas, o que dividia liberais e unia republicanos.

Nabuco pregava que devia haver uma descentralização quase federal das províncias. Chegou a ter um programa chamado “Abolição, Federação e Paz”.

Na Câmara dos Deputados apresentou um projeto de Monarquia Federativa. Afirmava que a centralização política do Império sufocava qualquer idéia de federalismo.

Nabuco mostrou na história do Brasil que o federalismo era um ideal desde as capitanias hereditárias e que diversas vezes reapareceu em movimentos rebeldes, como: a Confederação do equador, a Guerra dos Farrapos e outros. Porém o segundo reinado esmagou as idéias federalistas devido seu centralismo.

A idéia de Nabuco era de uma Monarquia Federalista.

A necessidade de federalismo monárquico era devido: a enorme distância entre as províncias, os interesses diversos não atendia as necessidades locais e outras.

O enorme território brasileiro precisava que seus estados tivessem autonomia, pois a centralização era inviável para a administração.

Os republicanos defendiam que a idéia federalista só podia ser defendida por eles, principalmente após a abolição dos escravos. Entre os defensores da república federalista está Rui Barbosa.

Posteriormente Nabuco propôs a criação de repúblicas confederadas do Brasil, unidas pela Monarquia. Ele entendia que a Monarquia daria maior extensão ao sistema federalista, dando autonomia as províncias.

Nabuco e a Monarquia
A defesa ao Monarquismo feita por Nabuco fora herdado de seu pai, influente político.

Escrevia defendendo a Monarquia Constitucional, o que lhe proporcionou alguns conflitos com os republicanos.

Na Europa teve contatos com monarquias constitucionais. Seu contato com a república se deu mais quando fora nomeado diplomata nos EUA.

Sua convivência com a Europa lhe trouxe experiências em torno do parlamentarismo, do liberalismo, além do presidencialismo dos EUA. Em especial, sua relação para com os ingleses muito lhe ajudou em sua posição monarquista. Dizia que a liberdade e o governo inglês eram sucessos adquiridos sob a Monarquia.

Nabuco temia que houvesse no Brasil o mesmo que acontecera nos demais países latino-americanos, que são os golpes militares. Afirmava que o sistema republicano dava brechas para tais golpes.

Sua apologia a monarquia era romântica, digna de um liberal.

Achava injusto o exílio de D. Pedro II e da Princesa Isabel, pois foi no governo destes que a abolição fora conquistada, além do outros progressos.

Nabuco era monarquista, mas antes disso, um liberal convicto.


Nabuco e a Diplomacia
Após a independência do Brasil, Nabuco se afastou da política, devido sua posição monarquista e também por não aceitar o governo dos militares.

Nesse período de afastamento da política trabalhou como advogado e escreveu para jornais.

Com o término do regimento militar, a república passa a ser comandada pelos civis, de início sob a direção do presidente Prudente de Morais. Lentamente Nabuco vai se aproximando dos republicanos, mas nunca deixará de ser monarquista.

Em 1899 tornou-se advogado do país atuando na questão de limite entre o Brasil e a Guiana Inglesa.

Em 1900 tornou-se Diplomata na Legação Brasileira. Em 1905 tornou-se embaixador nos EUA. Nesse momento defendeu o panamericanismo de Moroe.

Apesar de haver na época críticas em relação à política norte-americana na América Latina, Nabuco a defendeu, sendo que essa época marca as novas relações do Brasil com EUA, enfraquecendo as antigas relações com os europeus. Dizia ser monroísta porque tal política iria libertar o Brasil dos laços europeus.

Nabuco e a Cultura Brasileira
Desde cedo Nabuco manifestara uma admiração pela Literatura.

Seu primeiro livro fora Camões e os lusíadas. Na época que lutava pela abolição, escreveu para o Jornal do Comércio e O País.

Em 1833 escreveu O Abolucionismo, obra muito conhecida.

Em Minha Formação, Nabuco faz um estudo auto-biográfico. Outra obra vista como marcante fora Nabuco de Araújo – Um Estadista do Império, que mostra a trajetória de seu pai pela política imperial, como também a formação centralizadora do Império.

Como obras históricas, escreveu Balmaceda, que foi um ditador chileno. Comparou as crises chilenas e brasileiras da época. Escreveu também sobre a revolta contra o presidente Floriano Peixoto.

Posteriormente escreveu Pensamentos Soltos, que reunia reflexões de sua vida, com forte presença de sua religiosidade. Não podemos esquecer que no passado Nabuco havia se posicionado em muitos pontos contra a Igreja, principalmente no que se refere aos desenvolvimentos. .

Em sua caminhada, chegou também a defender a separação entre a Igreja e o Estado no Brasil.

Nabuco defendia também uma maior colaboração do Estado para difusão da nossa cultura e artes. Queria a criação de uma Escola de Arte.

Suas obras estão espalhadas em livros, revistas, jornais, documentos políticos e outros escritos.


Bibliografia

BEIGUELMAN, Paula (org). Joaquim Nabuco. Política. São Paulo: Ática, 1982 (coleção Grandes Cientistas Sociais, vol. 23)

BRUNO, Fábio Vieira. O parlamento e a evolução social, 1871-1889. 3ª Série. Brasília: Senado Federal, 1879. vol. 6.

COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia a república: momentos decisivos. São Paulo: Grijalbo, 1977.

FAORO, Raimundo. Os donos do poder: formação do patrono político brasileiro. 2. ed. São Paulo: USP, 1975 (2 Vol)

NABUCO, Joaquim. Minha formação. Brasília, 1976 (Bibloteca Básica Brasileira, Vol. 8)

Leite, Beatriz Westin de Cerqueira. Joaquim Nabuco. São Paulo: Ícone, 2001. 133p

MAURO, Fraderic. O Brasil no tempo de D. Pedro II, 1831- 1889. São Paulo: Cia. Das Letras, 1991.


Prof. Yuri Almeida

8 comentários:

  1. parabéns pelo conteudo muito bom

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  2. não achei o que preciso mas gostei muito do que li!!! parabéns!

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  3. Muito Bom, Bem Organizado, Bastante Sistemático Parabéns

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  4. Muito Bom, Bem Organizado, Bastante Sistemático Parabéns

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  5. É um contexto que exemplifica a história política de um homem com
    idéias fascinantes e bem elaboradas.

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